Review: Super Mario Party Jamboree não é só mais um jogo de tabuleiro

Super Mario PArty Jamboree Capa

Demorou quase uma década, mas a Nintendo Cube finalmente entendeu a essência de Mario Party

Faz tempo que a franquia Mario Party não é a mesma. A pura energia caótica e criativa, infame por destruir amizades da melhor forma possível, havia perdido a essência desde que o estúdio Nintendo Cube assumiu as rédeas em 2012. Em seu ato final no Nintendo Switch, parece que o game mais divertido para reunir os amigos enfim voltou para os eixos. Super Mario Party Jamboree é o retorno de tudo que há de melhor na franquia — e vai muito além.

Ficha Técnica

Switch x SuperMarioPartyJamboree KeyArt

Título: Super Mario Party Jamboree

Plataformas: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 17 de outubro

Gênero: Party, Tabuleiro, Mini-Game

Desenvolvedora: Nintendo Cube

Distribuidora: Nintendo

Descrição: Super Mario Party Jamboree é um jogo de tabuleiro virtual com uma série de minigames divertidos.

Super Mario Party Jamboree é realmente o melhor da franquia?

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Mapas tem temáticas e mecânicas cativantes (Créditos: Nintendo)

Com conteúdo de sobra, nenhuma partida é igual a outra. A ideia ainda é a mesma — reunir jogadores para competir em tabuleiros malucos em uma corrida por estrelas com os personagens mais icônicos da franquia Super Mario. Só que dessa vez, os produtores não esqueceram de focar no que a franquia faz de melhor: espalhar um caos gostoso criando situações inesperadas e absurdas.

No final do dia, Mario Party é uma grande desculpa para se divertir entre amigos e tudo nesta nova edição impulsiona este objetivo.

O grande destaque são os mapas, que dessa vez realmente trazem temas interessantes, uma jogabilidade dinâmica e muita personalidade. Cada um apresenta mecânicas únicas que tornam a experiência marcante, diferente entre si, fugindo das ideias genéricas de edições anteriores. O tabuleiro inspirado em Mario Kart, por exemplo, promove uma corrida em alta velocidade, enquanto o shopping foca em lojas especiais, com itens únicos. Tem até o retorno da fase da estação de trens, de Mario Party 2, em que é preciso ficar esperto para usar os trilhos a seu favor — e sempre atrapalhando seus adversários.

E esse dinamismo continua presente nos minigames, mais inspirados do que em muito tempo. Não precisa se preocupar em ter de sacudir os controles loucamente. Dessa vez, a grande maioria dos desafios focam menos em usos mirabolantes dos controles e mais em temáticas criativas. A impressão é que nenhuma ideia esteve fora de cogitação e até desafios mais complexos e elaborados fazem parte da recheada coletânea dessa versão.

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Minigames focam mais em habilidade, sem abandonar o caos (Créditos: Nintendo)

Um minigame de fotografia, por exemplo, exige noções básicas de enquadramento dignas de um feed caprichado do Instagram. Enquanto outro, rítmico, mergulha com gosto na nostalgia do Guitar Hero em uma sessão de batucada com o Donkey Kong. Mesmo os minigames, completamente opcionais, que de fato usam controles de movimento, trazem ideias mais cativantes. Especialmente os três novos modos dedicados a isto, que promovem ótimos puzzles, uma empolgante corrida rítmica e um simulador de voo de Paratroopas bem capenga. Bem, não dá para agradar sempre. Mas quando funcionam, esses desafios oferecem uma alternativa convidativa, bem mais curta, para quem quer se divertir com os amigos de uma forma totalmente descompromissada. E, o melhor, sem perder muito tempo.

Essa, inclusive, parece ter sido uma grande preocupação na hora de pensar neste jogo. Jamboree é um novo Mario Party para uma nova geração. Não de consoles, mas de pessoas. No mundo de hoje, em que temos cada vez menos tempo, o entretenimento evoluiu para se encaixar neste novo estilo de vida, mais acelerado, efêmero e, ao mesmo tempo, conectado. Tudo que Mario Party nunca foi — até agora. 

Enquanto, de um lado, os tabuleiros extensos retornam para partidas que podem durar horas, existem opções muito mais compactas, e não menos divertidas, para quem só quer curtir um cadinho na correria do dia-a-dia, como o Bowserathlon e a Brigada Anti-Bowser. Ambos têm um foco maior na ação em tempo real. Esqueça a ideia de esperar o seu turno. Todo mundo joga na mesma hora, o que por si só promove a bagunça clássica da franquia que todo mundo gosta.

Super Mario Party Jamboree Pauline Correndo Moedas
Novos modos trazem opções mais curtas para quem não tem tempo (Créditos: Nintendo)

Se por um lado, na Brigada Anti-Bowser, pode ser meio simplório reunir bombas para derrotar uma versão gigante do vilão, o Bowserathlon tem uma proposta muito mais atrativa. É uma corrida em tempo real através de um extenso tabuleiro. Quase como um battle royale casual. Todo mundo joga seus minigames ao mesmo tempo e quem for se saindo melhor dispara na frente. Uma verdadeira corrida contra o tempo e contra todos, que recompensa a habilidade. Traz uma experiência bem parecida com o jogo tradicional, mas acelerada, com muito mais adrenalina.

E falando em habilidade, impossível não mencionar uma das melhores adições à franquia: o Modo Pro. Eliminando ao máximo a influência do acaso nas partidas, essa é a experiência que os veteranos da franquia sempre sonharam. Um modo em que é possível enfrentar os seus amigos no mais alto nível de habilidade sem correr o risco de alguém ganhar por acidente por ter tido um pouco mais de sorte. As regras são muito mais rígidas e pode levar um tempo para aprender tudo novamente, mas para quem queria um pouco mais de desafio em Mario Party, vale muito a pena.

O que não funciona em Super Mario Party Jamboree?

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Nem sempre a corrida é justa, infelizmente (Créditos: Nintendo)

Todas essas melhorias, entretanto, têm um preço: a qualidade gráfica. Para possibilitar a produção de muito mais conteúdo que as edições mais recentes, Jamboree apresenta uma leve queda na qualidade de texturas e detalhes visuais. Especialmente quando comparado com outros games da franquia lançados no Nintendo Switch, como Super Mario Party. Nada que atrapalhe a jogatina, mas não deixa de ser perceptível. 

Se este é o preço a ser pago para poder destruir os meus amigos com a prefeita Pauline, é um que estou disposto a arcar.

O que não desce, infelizmente, é a mecânica mais desbalanceada de toda a franquia: as duplas. Em cada partida é possível encontrar um personagem perdido pelo mapa que pode acompanhar um jogador, dobrando todas as recompensas — sejam elas positivas ou negativas. E apesar de render alguns momentos divertidos e inusitados, como uma punição dupla na casa do Bowser Impostor, costuma apenas quebrar certas partidas.

A economia do jogo tem seus problemas. Não é preciso muito esforço para nadar em moedas. Assim, basta o item certo e uma dupla para descolar meia dúzia de estrelas em um piscar de olhos. Virar o jogo em uma partida assim é quase impossível, o que tira toda a adrenalina da competição, seja para quem está na frente ou amargando uma derrota. Na prática, esse sistema de duplas encerra partidas muito antes da hora. Ele diverte quando não rende tantos frutos — umas moedas bônus inocentes aqui e uns itens inofensivos ali. Nas mãos de jogadores muito sortudos ou competitivos, é nada além de frustrante.

Super Mario Party Jamboree

Gabriel Mattos

Visual
Conteúdo
Jogabilidade

Veredito

Mesmo assim, não é exagero declarar o óbvio: Super Mario Party Jamboree é o melhor game da franquia. Competente no básico, no mais importante, o que é um alívio em uma franquia que caiu na mesmice por muito tempo. E ainda consegue implementar novidades e melhorias que atualizam a saga para uma nova era, como Mario Party merece. Se conseguir relevar uma ou outra partida fora da curva, prepare-se para se divertir como nunca no Nintendo Switch.

4.5

Atenção: A versão utilizada para análise foi a do Nintendo Switch. O game foi adquirido de forma independente e não foi cedido pela assessoria.

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