Review: Star Wars Outlaws é uma turbulenta viagem rumo ao coração de uma galáxia muito distante

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Game da Ubisoft oferece a experiência mais imersiva da história da franquia, mas não sem problemas

Por baixo de uma montanha de problemas técnicos, Star Wars Outlaws surpreende ao capturar a essência da franquia de George Lucas como poucas adaptações conseguiram. O novo RPG de mundo aberto da Ubisoft é o mais próximo que os fãs da saga vão estar de sentir como é viver nos planetas hostis dessa galáxia tão distante. Pena que, entre as intrigas bem elaboradas da trama e as missões cheias de adrenalina, problemas técnicos constantes manchem as memórias de uma experiência que tinha tudo para ser inesquecível.

Ficha Técnica

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Título: Star Wars Outlaws

Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC

Data de Lançamento: 29 de agosto

Gênero: RPG, Stealth, Exploração

Desenvolvedora: Massive Entertainment

Distribuidora: Ubisoft

Descrição: Jogo de mundo aberto da franquia Star Wars em que é possível explorar planetas incríveis no papel da contrabandista Key Vess, conquistando a aliança e a fúria de cartéis do crime.

O que funciona em Star Wars Outlaws?

Um deserto com montanhas ao fundo e uma moto futurista sendo pilotada por uma mulher em Star Wars Outlaws
Exploração é a alma de Star Wars Outlaws (Créditos: Ubisoft)

Deixando de lado os Jedi e até mesmo os rebeldes, explorados a exaustão em tantas outras mídias, Outlaws decide mergulhar de cabeça no submundo do crime de Star Wars. Um terreno muito mais fértil para histórias interessantes envolvendo reviravoltas, traições e segredos — o que a trama entrega do início ao fim.

O jogador acompanha a jornada de Key Vess, uma jovem que aprendeu a se virar nas ruas de Canto Bight. Quando uma missão fracassa por culpa de uma traição inesperada, ela precisa fugir pela galáxia para sobreviver à fúria de um dos mais ricos e perigosos cartéis do crime. A única forma de limpar o seu nome é reunindo uma equipe de especialistas para preparar o roubo mais perigoso de sua vida.

E, diferente de muitos jogos, Outlaws consegue cativar muito bem uma sensação de estar sob constante ameaça. Áreas inteiras do mapa dominadas por stormtroopers e cartéis do crime renovam o sentimento de não ser bem-vindo em lugar algum. Mesmo quando o jogador conquista a simpatia dos chefes do submundo, escolhas obrigatórias em cada missão podem o colocar novamente em sua mira. É um universo bastante dinâmico, volátil e instável, exatamente como deveria ser.

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Trapaças estão presentes até nos minigames (Créditos: Ubisoft)

E isso se reflete também nos mapas disponíveis a serem desbravados. Como em Mass Effect Andromeda, ao invés de um único espaço ininterrupto para se explorar, os ambientes são divididos em mapas menores — uma amostra do que um seleto grupos de planeta pode oferecer. Com isso, os produtores evitaram completamente o problema de espaços vazios. Os mundos conseguem ser ao mesmo tempo vastos o suficiente para precisar serem explorados por speeders, motos futuristas, e densos o suficiente para nunca faltar o que fazer nesta aventura.

Um acerto que funciona a favor da jogabilidade, mas também da ambientação: o maior destaque do título de longe.

Cada planeta esbanja personalidade, com um carisma característico dos melhores filmes da franquia. A própria curadoria de quais mundos estariam disponíveis foge do óbvio — trazendo favoritos do grande público, como Tatooine; lugares conhecidos apenas dos fãs mais dedicados que leem os livros, como Akiva; e ainda locais que não tiveram a chance de brilhar como deveriam nas telas, como Canto Bight e Kijimi, da nova trilogia. Todos receberam um tratamento bastante caprichado, reproduzindo as características mais marcantes do material de origem e ainda indo além, adicionando detalhes que dão mais vida a lugares que já são bastante mágicos.

Assim, Outlaws traz uma oportunidade que os fãs de Star Wars não encontrarão em nenhum outro lugar. Muito mais do que ver ou ler sobre o que acontece nessa galáxia distante, aqui os fãs podem viver no mundo de Star Wars de verdade.

Akiva Star Wars Outlaws
Akiva ganha vida como nunca conseguiu nos livros (Créditos: Ubisoft)

A atenção aos detalhes tornam tudo muito imersivo. Coisas bobas do cotidiano dos cidadãos desses planetas constroem um realismo difícil de ser replicado em qualquer outra mídia. Até mesmo os minigames escolhidos pelos desenvolvedores, como o surpreendentemente divertido salaac e os desafios de slicer, reforçam a coesão deste mundo. Afinal, são coisas que sempre foram mencionadas em outras mídias, mas nunca exploradas. A única coisa que limita o quanto o jogador vai conhecer deste universo é a sua curiosidade.

Para quem não é apaixonado por Star Wars, este é apenas mais uma aventura de mundo aberto da Ubisoft, como dezenas antes dela. No quesito mecânicas, não tem muito que diferencie Outlaws de Far Cry ou Assassin’s Creed. O estúdio francês se tornou mestre em requentar sua jogabilidade à exaustão, apenas aperfeiçoando suas ideias ao longo do tempo. Não é exatamente algo negativo. Os sistemas são em sua maioria genéricos, isto é um fato. Faz parte da mentalidade da empresa de encarar de games como uma espécie de fast food cultural. O que faz toda diferença é apenas a forma caprichada em que embrulham toda a experiência, assim como aconteceu com Avatar: Frontiers of Pandora.

Vale ainda elogiar o capricho visual de Outlaws. Ele realmente parece um jogo da nova geração, algo que não pode ser dito da maioria dos jogos recentes. Fica claro que a equipe entendeu exatamente quais são os maiores avanços tecnológicos que os novos consoles podem oferecer — simulações mais complexas de luz, fumaça e uma quantidade mais sofisticada de partículas. Usando essas ferramentas com propriedade, os artistas conseguem elevar a qualidade visual a um nível de realismo absurdo, quase sem falhas. O que não pode ser dito de outras áreas do jogo.

O que não funciona em Star Wars Outlaws?

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Problemas quebram completamente as áreas de furtividade (Créditos: Ubisoft)

O mais frustrante é que Star Wars Outlaws tinha tudo para ser um jogo emblemático. Absurdamente incrível para os fãs da franquia e no máximo inofensivo para todo o resto — não fosse uma quantidade insustentável de problemas no lado técnico.

A Ubisoft já tem uma fama por entregar jogos com problemas em seu lançamento. Parece ser uma estratégia de negócio para manter prazos apertados, antecipar o lançamento e corrigir os erros com o atualizações. Normalmente, funciona. Afinal, são apenas leves transtornos em games divertidos. Desconsiderar acaba virando um pequeno preço a se pagar por uma experiência majoritariamente agradável. O problema de Outlaws é onde estes erros estão concentrados.

De longe, o maior problema está no sistema de furtividade. A forma como os inimigos detectam a protagonista é completamente arbitrária. Deixa claro que não é intencional. Apenas um erro de programação na forma que os adversários enxergam a heroína, muitas vezes detectando sua presença através de portas ou em outras situações impossíveis. E só neste exemplo isso desencadeia uma série de problemas.

Primeiramente, isso quebra completamente a imersão. Stormtroopers não são conhecidos por sua competência. Transformar os maiores patetas da galáxia em soldados de elite com visão além do alcance quebra a credibilidade da história. Além disso, a jogabilidade foge da experiência que foi planejada pelos desenvolvedores e se torna muito mais frustrante do que o ideal, tirando qualquer controle da mão do jogador. Afinal, não importa o nível de habilidade, o fracasso pode vir ao acaso por conta de um erro. E, para piorar, tudo isso acaba perdendo de vez a confiança do jogador no próprio jogo.

Com o tempo, qualquer tropeço que pareça minimamente suspeito empurra o jogador para um questionamento se aquela situação é culpa de um erro próprio, de alguma falta de habilidade, ou erro do próprio jogo, o que infelizmente costuma ser o caso. E quando um jogo perde a confiança do jogador, é muito difícil de se recuperar.

Não ajuda que Outlaws ainda falhe a nível de design em outras áreas, como no combate, que simplesmente não apresenta uma profundidade satisfatória. A variedade de armas, inimigos e afins é mínima, tornando qualquer situação de batalha repetitiva e pouco interessante, tanto em terra firme quanto no espaço. Então ser forçado a um conflito injustamente, por conta de um erro do jogo em um momento de furtividade, fica ainda mais amargo.

Star Wars Outlaws

Gabriel Mattos

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Visual
Roteiro
Jogabilidade

Veredito

Como na própria franquia que o inspira, Star Wars Outlaws é marcado por uma dualidade eternamente em conflito. De um lado, há um game absolutamente imersivo, com uma ambientação impecável e uma exploração satisfatória. Do outro, uma enxurrada de problemas técnicos e um combate pouco desenvolvido. Cabe a você decidir qual lado pesa mais para você.

3.5

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