Uma pitada de Star Wars com molho de drama!
O sexto episódio de Minhas Aventuras com o Superman nos lembra que, por trás do olhar doce de Clark Kent e sua missão de salvar o mundo que o acolheu, a figura do Superman esconde uma verdade sombria: ele é um alienígena com capacidade de destruir tudo aquilo que escolheu proteger. Nele, esse detalhe ganha destaque quando Krypton se torna mais do que uma utopia inexistente, mas a sombra de um colonizador faminto.
Para dar mais carne e osso a essa nova realidade da história do Superman, temos Kara Zor-El, a futura Supergirl da série. Muito diferente do seu compassivo primo, ela é uma líder nata, que está disposta a usar sua força para mostrar o “paraíso” que é fazer parte do império kryptoniano.
O único problema é que a Krypton que defende não tem relação alguma com a de Kal-El e, nem mesmo, a verdadeira Krypton que está conquistando a galáxia. Reiterando a temática da temporada, temos, mais uma vez, um impasse entre realidade, identidade e ação. Em que Kara acredita estar fazendo o bem, enquanto deseja subconsciente ser algo diferente, ao mesmo tempo que tem sido coagida a tomar atitudes terríveis.
Nesse sentido, não é difícil ver em Minhas Aventuras com o Superman, uma das melhores adaptações do herói kryptoniano. Aqui, não se trata de um positivismo exagerado em que constrói no alienígena um “estadunidense modelo”. Pelo contrário, apesar do tom cômico e das referências a produções japonesas, a animação se debruça em debates interessantes sobre essa entidade quase divina.
Desde a primeira temporada, a série tem flertado com o perigo que Clark representa para a humanidade. Mas, apenas nesse segundo ano que os roteiristas têm esfregado na cara do público que essa questão não é tão simples quanto The Boys faz parecer. Na verdade, o perigo do kryptoniano tem a ver com algo menos fantástico e mais científico: a teoria da Floresta Negra.
Apresentada em produções como O Problema dos Três Corpos, a mesma afirma que o espaço é como uma floresta escura em que ninguém tem coragem de entrar em contato com outro alguém, pois todos parecem predadores. Indo completamente contra a ideia de que os extraterrestres evoluíram e se tornaram entidades benevolentes, essa teoria nos lembra que o desconhecido pode ser perigoso.
Em Minhas Aventuras com o Superman, a chegada de Kal-El representa um primeiro contato, assim como também a abertura para que a Terra se conecte a qualquer entidade alienígena misteriosa. Seja boa ou má. Mas, e se não for nenhum dos dois? E se, no fim do dia, não é sobre moralidade, mas códigos binários e uma ideia de preservação acima de qualquer coisa?
Talvez, toda a questão da “floresta” não seja sobre a índole de Kal-El ou Kara. Mas, sobre uma máquina que quer se tornar um império. É assim que, finalmente conhecemos um dos vilões mais adorados do universo de Superman, Brainiac. Representando uma entidade predatória capaz de canibalizar um Lanterna Verde e um Thanagariano para compor seu império, o vilão se tornou a personificação desse “predador”, de um “colonizador espacial”.
Em uma época onde estamos fatigados das mesmas questões apresentadas pelo universo de filmes e séries de heróis, Minhas Aventuras com o Superman é, surpreendentemente, uma brisa de ar fresco, apresentando algo, no mínimo, diferente.