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Review: Mario & Luigi Brothership é o anime do bigodudo que você sempre sonhou

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Se as franquias Super Mario e One Piece tivessem um filho, este seria o mais charmoso e preguiçoso

Nessa altura do campeonato, todas as atenções dos nintendistas estão voltadas para o futuro sucessor do Nintendo Switch, o misterioso console ainda sem nome da Nintendo. Imagine a surpresa dos fãs quando, aos 45 do segundo tempo, surge um game com um visual tão caprichado que levanta dúvidas se o atual console híbrido realmente já deu o que tinha que dar? Este é Mario & Luigi Brothership, um jogo que realiza os sonhos mais loucos de quem esperava um anime de Super Mario, mesmo que não seja um sonho perfeito.

Ficha Técnica

Switch x MarioLuigiBrothership KeyArt

Título: Mario & Luigi Brothership

Plataformas: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 7 de novembro

Gênero: RPG

Desenvolvedora: Acquire e Nintendo

Distribuidora: Nintendo

Descrição: Mario e Luigi precisam desbravar os oceanos juntos reconectando ilhas perdidas à Arbolux, enquanto enfrentam os lacaios de um terrível vilão.

O que funciona em Mario & Luigi Brothership?

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A premissa não é muito complexa, mas isso nunca impediu uma aventura do Mario de empolgar o público. Dessa vez, uma ilha de proporções continentais se rompeu em várias pequenas ilhotas. Cabe ao encanador bigodudo e ao seu irmão — também encanador e também bigodudo — resolverem o problema, visitando um povoado de cada vez, a bordo de uma ilha-navio.

Pode parecer um pouco fora da casinha — e realmente é. Um dos pontos fortes de Brothership é especificamente a forma como constrói uma atmosfera fantástica em sua ambientação. Nenhuma ilha é como outra e as mudanças são tão inteligentes que mesmo aquelas com temáticas parecidas tem uma cara bastante distinta entre si, seja pelo clima, pelos costumes locais ou alguma outra peculiaridade. 

Navegar pelos mares de Elétria é algo sem igual. Não é aquela exploração aberta de The Legend of Zelda: The Wind Waker ou Assassin’s Creed: Black Flag. Apesar do visual absurdamente caricato, a navegação tem uma proposta mais realista, em que o navio é guiado pelas correntezas sem grande influência do jogador. É quase como assumir o papel de um navegador, como a Nami de One Piece. Tudo que está ao seu alcance é decidir que direção seguir, sempre de olho no horizonte em busca de terra à vista. E o que te guia é a curiosidade na sua mais pura forma.

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Brothership captura o prazer de explorar mares misteriosos de uma forma que nenhum game da franquia do Chapéu de Palha conseguiu até então. O suspense de encontrar uma nova ilha, da qual não se tem praticamente nenhuma informação. A adrenalina de desbravar terras desconhecidas, descobrir novos inimigos, novos personagens… Sempre é uma caixinha de surpresas que nunca decepciona.

E falando em One Piece, impossível não elogiar o visual caprichado desta aventura. Sem poder recorrer ao clássico estilo pixelado das versões anteriores de Mario & Luigi, Brothership precisou encontrar uma nova identidade. E não poderia ter feito uma escolha melhor. A aventura de Super Mario ganha um sopro de vida com animações expressivas, dinâmicas e caricatas, típicas dos animes.

E não é o traço genérico de anime de lutinha, que você veria em um Naruto Shippuden ou Bleach. Tem umas escolhas estéticas interessantes, com cara de um projeto mais autoral, como Mononoke e The Stories of Girls Who Couldn’t Be Magicians. As proporções são exageradas, as cores em degradê e essa estilização invade até as animações. Mesmo a menor das ações transborda personalidade, dos saltos em equipe nas batalhas aos tropeços de Luigi ao chegar em uma nova ilha. Lembra um pouco Super Mario Wonder, mas ainda consegue ir além e conquistar o título de melhor estilo de arte da história do encanador.

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Se o visual e a exploração são o coração desse jogo, os personagens são a sua alma. Mesmo com um design nada marcante — que consiste em uma variação de formas quadradonas nem um pouco inspiradas — eles conquistam os jogadores com o seu carisma e suas histórias envolventes. Impossível não se apegar aos Estáticos, um grupo de crianças carentes de uma ilha cheia de entulhos que finge ser super-herói, ou o casal à lá Elementos, da Disney, exilado por suas famílias por serem de energias opostas.

Eles não são engraçados. Eles não são complexos. Eles não surpreendem em absolutamente nada. E mesmo assim conquistam o carinho dos jogadores sem muito esforço. Uma prova de como a Nintendo sabe escrever personagens cheios de personalidade, mesmo quando o roteiro não está jogando a favor.

O que não funciona em Mario & Luigi Brothership?

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Aqui as coisas começam a desandar um pouco. Nada em Mario & Luigi Brothership é objetivamente ruim. Longe disso. Só que boa parte do jogo exagera na simplicidade. A ideia é proporcionar uma experiência de RPG que seja amigável o suficiente para os mais jovens. O game, em geral, tem essa energia de Meu Primeiro Laptop da Xuxa, só que em formato de jogo. O problema é que, para quem tem qualquer familiaridade com o gênero, essas áreas mais básicas parecem um tanto medíocres.

O roteiro talvez seja o melhor exemplo. Os personagens podem ser interessantes, em sua grande maioria, mas a história principal é um amontoado de nadas. Não tem a sensação de um mistério crescente ou algo  na narrativa que prenda a atenção do jogador e o motive a continuar avançando. A missão principal, de conectar os grandes faróis à ilha principal, permanece intacta, sem reviravoltas ou desdobramentos interessantes. É uma trama bem direta, sem muitas surpresas, que não envolve o jogador. Não fosse a excelente exploração, não haveria muito que motivasse seguir jogando até o final.

O combate é outro ponto que a aventura patina bastante, devido à sua devoção à simplicidade máxima. Mario e Luigi apresentam basicamente duas opções principais de golpes: saltos e martelos. Na maior parte do tempo, não há muito motivo para variar entre os ataques. O resultado final costuma ser o mesmo, salvo quando alguns inimigos chegam para quebrar essa monotonia.

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É exatamente a variedade de adversários que salva as batalhas de serem uma entediante repetição de botões. Cada monstro que entra no caminho dos irmãos tem um padrão de ataque bastante interessante, com variações criativas que forçam o jogador a estar sempre atento. Se por um lado as opções ofensivas são um tanto frustrantes, a abundância de interações defensivas entrega momentos absolutamente divertidos. 

Descobrir como os novos inimigos podem te surpreender é um dos motivos que torna a exploração das ilhas tão interessante. E encontrar novas formas de enfrentá-los, com o sistema de plugues, só torna tudo ainda mais empolgante. 

Esses equipamentos, que podem ser ativados a qualquer momento, mudam a dinâmica dos golpes dos heróis. Assim, o impacto dos saltos pode acertar mais adversários de uma só vez ou então causar efeitos elementais devastadores. Uma adição muito bem-vinda que acrescenta um elemento estratégico necessário para trazer um pouco mais de profundidade ao combate. Não a ponto de equiparar ao sistema de luta de outros RPGs mais consolidados, mas é o suficiente para prender os veteranos por mais tempo sem enjoar.

Mario & Luigi Brothership

Gabriel Mattos

Visual
Roteiro
Jogabilidade

Veredito

Perfeito para quem quer iniciar um filho ou primo no universo dos RPGs, Mario & Luigi Brothership encantam com um visual caprichado à lá anime e um elenco super carismático. O combate, mesmo simplificado ao máximo, tem seus momentos divertidos, com os golpes especiais, plugues e contra-ataques desafiadores. A maior âncora da aventura é seu roteiro insosso, mas nem mesmo uma história fraca consegue frear o retorno colossal dessa franquia que chegou para ficar.

4

Trailer do jogo

Mario & Luigi: Brothership (Nintendo Switch) – Uma aventura marítima!
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