Dragon Ball Sparking Zero se destaca em suas ferramentas de criação e na grande quantidade de personagens
Numa tarde de sábado qualquer de 2007 até 2010, era possível encontrar uma grande quantidade de adolescentes vibrando com as batalhas eletrizantes entre os guerreiros Z em seu PlayStation 2. A franquia de jogos Budokai Tenkaichi de Dragon Ball é até hoje extremamente querida para quem teve a oportunidade de jogar na época.
Já a muitos anos os fãs de Dragon Ball sonham com o retorno de um Budokai Tenkaichi, trazendo uma experiência diferente do FighterZ e também de Xenoverse. Dessa vez com o nome Dragon Ball Sparking Zero, temos o retorno de Budokai Tenkaichi trazendo todo o exagero e melodrama da obra de Akira Toriyama para a nova geração de consoles e, apesar de não acertar em tudo, consegue dar aos fãs o que eles estavam pedindo por muito tempo.
Ficha Técnica
Título: Dragon Ball Sparking! Zero
Plataformas: PC, Xbox Series S/X e PlayStation 5
Data de Lançamento: 31 de outubro de 2024
Desenvolvedora: Spike Chunsoft
Distribuidora: Bandai Namco
Descrição: Reviva os grandes momentos da franquia de Dragon Ball controlando os lendários guerreiros do anime
Os guerreiros Z retornam, mas dessa vez com um toque de multiverso
Acho que todo mundo que já jogou alguns jogos de Dragon Ball já está cansado de reviver mais uma vez toda a jornada de Goku enfrentando Vegeta, Freeza e por aí vai. Com isso, os desenvolvedores tiveram uma nova ideia para recontar toda essa jornada. Ao invés de uma grande campanha envolvendo todos os personagens, temos algumas pequenas campanhas de guerreiros específicos. Goku, Vegeta, Gohan, Piccolo, Freeza, Trunks do futuro e Goku Black foram os escolhidos.
Mas você não precisa somente reviver os momentos clássicos do anime, já que existem algumas escolhas em momentos críticos que podem levar a resultados inesperados. E se Goku não tivesse morrido na batalha contra Raditz? E se Trunks conseguisse derrotar Goku Black e Zamasu?
Essa e outras inúmeras perguntas são respondidas nessa campanha, mas infelizmente é algo mais interessante no campo das ideias do que na prática. Grande parte das mudanças são muito simples e não adicionam quase nada além de meia dúzia de diálogos nada interessante. Apesar disso, existem algumas que parecem que tiveram um cuidado maior e são genuinamente divertidas, principalmente por tirar um pouco o foco de Goku e entregar para personagens que são tão queridos quanto ou até mesmo alterando um certo vilão de forma bem inusitada.
Outro ponto que atrai os fãs da franquia é a escala de poder. Quando Dragon Ball FighterZ foi lançado, uma parcela do público havia reclamado do fato que todos os personagens estavam no mesmo nível, já que ele buscava ser um jogo de luta competitivo. Como Sparking Zero tem como foco primário ser algo casual, não existe um balanceamento minucioso para os personagens.
Em Sparking Zero temos o mesmo padrão de força do anime, então personagens como Yamcha ou a Videl serão extremamente mais fracos que Goku, Vegeta ou Jiren. O jogo busca a todo momento emular o material fonte e dá inúmeras ferramentas para que o jogador consiga reviver esses momentos, mas também criar os seus próprios.
Entre socos, chutes e teleportes
Como já é esperado de Dragon Ball, o jogador passará a maior parte do tempo lutando contra outros adversários e seu sistema de combate é divertido quanto funciona por completo, o que é algo que nem sempre acontece. Em um primeiro momento os controles de Sparking Zero são simples, temos um botão para golpes básicos, atirar projéteis, defender e para aparar golpes.
Sua complexidade se dá em sua maioria nas mecânicas de defesa. Caso aperte o botão de defesa no momento exato de alguns golpes seu personagem irá teleportar para trás de seu inimigo, encerrando assim o combo dele. Essa função é a mais importante do jogo, já que será possível se livrar de combos devastadores de seus oponentes. Além disso, enfrentando outra pessoa com facilidade em acertar esse timing é extremamente empolgante ver os dois lutadores se teleportando diversas vezes, assim como se via nos desenhos.
Mas apesar de divertido, o combate do jogo traz muitos problemas. Ele pede muito dos reflexos dos jogadores, enquanto seus controles não são tão responsivos para isso. É comum mesmo apertando no tempo certo o jogador não conseguir se teleportar devidamente, para além disso, a câmera é o pior inimigo do jogo.
Como estamos constantemente em movimento, seja voando, atacando ou qualquer outra coisa, a câmera está constantemente confusa e é comum o jogador perder um pouco a noção de onde está o seu personagem ou para onde o inimigo foi. Toda essa confusão pode acabar fazendo com que não se veja o golpe inimigo, o que torna frustrante, principalmente se for uma partida rankeada ou algo do tipo.
O que torna tudo isso ainda um pouco mais complicado é um pequeno bug que em determinado momento a câmera perde seu inimigo de vista e com isso o seu lutador também fica perdido. É comum isso acontecer enquanto se dá um avanço, o que faz o lutador voar para a ponta contrária do mapa, o que algumas vezes é até engraçado.
Seus tutoriais também não colaboram com a experiência. Ele cumpre sua função de ensinar o básico, qual botão bate, defende e por aí vai, mas quando vamos para as mecânicas mais complexas, ou coisas como seus pontos de habilidades, existe um péssimo trabalho em explicá-los e pior ainda em ensinar ao jogador como colocar isso em prática.
Mesmo com esses problemas, o sistema de criação de batalhas personalizadas consegue com facilidade deixar todos eles triviais. Esse sistema permite criar suas próprias missões para o jogo, seja recriar momentos importantes do anime ou então fazer algo completamente novo.
Nele é possível definir pequenos vídeos de introdução e encerramento, quais personagens serão utilizados, a vida e a dificuldade, que pode ser alterada no meio do confronto em condições específicas definidas pelo criador. Um exemplo disso foi uma batalha que busca recriar o grande confronto de Dragon Ball Super: Broly, no controle do personagem que dá nome ao filme.
Começamos enfrentando Vegeta na sua forma básica e ao reduzir um pouco de sua vida ele se transforma e com isso a dificuldade da batalha é aumentada. Ao longo da batalha temos troca de diálogos entre Vegeta e Goku, ficando surpreso com a força de Brolly.
Passei mais tempo jogando essas batalhas criadas pelos jogadores do que na própria campanha, e foi um tempo extremamente mais divertido. As recriações de momentos importantes do anime foram feitas de forma mais interessante que na campanha do próprio jogo e os confrontos imaginados são igualmente divertidos.
Quer saber se o Goku Super Saiyajin 4 seria capaz de vencer o Instinto Superior? Basta procurar uma batalha dessa forma no jogo. A ferramenta é uma das coisas mais interessantes adicionadas nos últimos anos para a franquia Dragon Ball e tem a chance de manter Sparking! Zero vivo por mais muito tempo, pela imaginação e criação de seus fãs.
Dragon Ball Sparking! Zero
Veredito
Dragon Ball Sparking Zero está longe de ser um jogo excelente, mas ele entrega exatamente o que o seu público pedia por anos e traz algumas ideias novas a um tipo de jogo já muito desgastado.