Review: Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board transforma arcos do anime em tabuleiros

Demon Slayer Sweep the Board
Demon Slayer Sweep the Board

Demon Slayer: Sweep The Board surpreende ao adaptar o anime para a fórmula de Mario Party

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba ascendeu como um dos animes mais populares da atualidade, tido como o sucessor de Naruto dentro do gênero shonen. Tamanho carisma gerou uma demanda absurda por qualquer produto com a marca estampada. Quando a série chegou aos cinemas, bateu recordes de bilheteria, mas a mesma empolgação não foi sentida com seus games. Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board, exclusivo de Nintendo Switch, não vai mudar essa situação, mas ainda é uma adaptação inusitada e surpreendente do anime que deu muito certo.

Ficha Técnica

Demon Slayer Sweep the Board CAPA sem texto com Nezuko, Tanjiro, Inosuke e Zenitsu em frente à um tabuleiro

Título: Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board

Plataformas: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 25 de abril de 2024

Gênero: Party Game

Desenvolvedora: CyberConnect2, Aniplex

Distribuidora: SEGA of America

Descrição: Um jogo no estilo Mario Party com os personagens, mapas e cenas do anime Demon Slayer.

Diretamente do anime para os tabuleiros

Hashira do Vento de Demon Slayer rolando dado em um tabuleiro
O campo de batalha da guerra contra os demônios agora é o tabuleiro (Créditos: SEGA)

Apostando pesado no apelo da consolidada franquia Mario Party, que vigora na lista de títulos mais vendidos do Nintendo Switch, Sweep the Board é um jogo de tabuleiro com minigames bem pontuais que segue à risca a fórmula amadurecida pelo bigodudo mais famoso dos games. Porém, como não deveria deixar de ser, toda a estética foi alterada para incorporar a essência da animação de uma forma estranhamente competente.

O visual, de forma geral, tem um aspecto um tanto barato, com cenários de texturas simples e pouco inspiradas, porém a atenção aos detalhes é bastante surpreendente. Os jogadores podem escolher entre todos os caçadores de oni do anime para representá-los pelos tabuleiros fortemente inspirados em cada arco do desenho.

A forma como cada mapa usa elementos da história e da construção de mundo do mangá para elaborar suas rotas e desafios é estranhamente imersiva. Mesmo o mais simples dos tabuleiros tem caminhos alternativos e possibilidades de interação diversas o suficiente para torná-los únicos e interessantes. Alguns chegam até a rivalizar com os melhores mapas da história recente de Mario Party, como o mapa do Distrito de Entretenimento. E mesmo os mais fracos se comparam com mapas medianos da franquia rival.

Hashira do Amor de Demon Slayer correndo sob os telhados do Distrito do Entretenimento em formato de tabuleiro
Mapas absorvem bem a temática de cada arco do anime (Créditos: SEGA)

O mais curioso é como os desenvolvedores moldaram a estrutura de “party game” de tabuleiro ao redor da dinâmica de Demon Slayer apenas o suficiente para encher o game de personalidade sem descaracterizar tanto o gênero. A ideia é manter tudo que faz de Mario Party interessante e acrescentar novas dinâmicas que lembrem a essência do anime. Talvez o sistema mais emblemático que segue essa filosofia é a mecânica de turnos e objetivos.

O que funciona em Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board?

Lua Superior em uma batalha de chefe

As estrelas de Mario Party foram substituídas por uma moeda premium, que representa o nível do caçador de onis na organização — mudança similar a que aconteceu em Mario Party 9. No clássico de Wii, a novidade não foi tão bem recebida pelo público, mas graças às outras dinâmicas de Sweep the Board, ela funciona bem aqui. Sempre que um jogador chega ao objetivo, ganha dezenas desses pontos especiais e troca o horário em que a partida acontece, de dia para a noite. E esta pequena mudança muda completamente a forma de jogar.

De dia, o final de cada turno é marcado por um minigame, como em qualquer jogo da franquia Mario Party. De noite, não há essas constantes interrupções e o foco se torna em enfrentar demônios, como no anime, sejam os menores que rendem menos pontos ou alguma das Luas de Muzan Kibutsuji. A batalha contra os demônios especiais funciona como uma batalha contra chefes, com uma série de desafios em um grande minigame cooperativo. Traz bastante intensidade ao game e uma estranha imersão para um experiência tão simples quando um jogo de tabuleiro.

Também foi uma oportunidade inteligente para introduzir a Nezuko no game. Apesar de não ser uma caçadora de onis, ela tem uma presença inquestionável no anime e não poderia ficar de fora nessa aventura. Em Sweep the Board, ela substitui a vantagem concedida ao jogador em último lugar na metade da partida. Aqui, ao invés de conceder o bônus uma única vez, Nezuko aparece a cada noite ajudando o perdedor da vez, facilitando uma virada monumental mesmo que a distância entre os jogadores seja muito grande.

Inosuke sem blusa em pose de vitória
Chegar ao objetivo do momento muda completamente a dinâmica do jogo (Créditos: SEGA)

Essa constante mudança entre dia e noite torna a jogabilidade muito mais dinâmica e fluida, acelerando bastante o ritmo de um gênero conhecido por sua morosidade. Também é possível ser mais estratégico, mudando de tática dependendo do período do dia que afeta o mapa, o que diminui o impacto da sorte que tem uma importância infame em jogos do tipo.

O que não funciona em Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board?

Zenitsu vestido de mulher tocando viola
O melhor minigame é um mini Guitar Hero… O resto só com reza braba (Créditos: SEGA)

Com isso, Sweep the Board tinha o potencial de superar seu grande rival, porém faltou investir também em outros elementos do game. Os minigames, por exemplo, não são nem um pouco criativos e muitas vezes também não são divertidos. Não encontrei nenhum que não tenha visto em Mario Party e de uma forma muito mais elegante, diga-se de passagem.

O sistema monetário é outro ponto completamente bagunçado. Itens não são tão úteis quanto em Mario Party, apesar de seguir o mesmo padrão, muito pela quantidade limitada de espaços que pode ser avançado por rolada de dados. Locais no mapa oferecem uma quantidade risível de dinheiro e o melhor caminho para enriquecer é depender da sorte em espaços ou dados especiais.

Este é outro ponto do jogo que beira o desbalanceamento. Inspirado por Super Mario Party, do Nintendo Switch, cada personagem possui seu próprio dado especial, com números e bônus próprios. Infelizmente, por conta disso, acabam surgindo personagens que são melhores que os demais. Dessa forma, a escolha no início da partida pode desbalancear todo o resto da experiência, algo que é remediado brevemente com a possibilidade de recrutar aliados ao longo da partida em espaços especiais.

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De uma forma geral, Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board é uma opção razoável para quem adora a experiência de Mario Party e quer experimentar algo diferente. O jogo não se limita a ser uma mera imitação e implementa mudanças o suficiente para imprimir sua própria personalidade. Repleto de carisma, tem tudo para conquistar fãs do anime e também do gênero em si.

Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep The Board

Gabriel Mattos

Demon Slayer Sweep the Board Rengoku
Visual
Tabuleiros
Jogabilidade

Veredito

Demon Slayer: Sweep the Board é uma alternativa interessante para a franquia Mario Party, com muito carisma, mudanças inteligentes, porém, infelizmente, sem o mesmo carinho dos desenvolvedores.

3.5