Brasileira segue na disputa com adversárias um tanto inusitadas
Nesta manhã (23), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou a indicação de Fernanda Torres ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Atriz. A brasileira concorre por sua atuação no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que também foi indicado a duas estatuetas — Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Mas, pensando com a razão e não com a emoção, quais são as chances reais de vitória?
A Fernanda Torres vai ganhar o Oscar?

Apesar de ser a favorita do povo brasileiro, sem sombra de dúvida, a Fernanda Torres não é a favorita da Academia para levar o prêmio. Para entender melhor o que esperar da noite da cerimônia, no dia 2 de março, primeiros precisamos entender contra quem a atriz está concorrendo e o desempenho geral na temporada de premiações.
Entendendo as concorrentes
Este ano, foram indicadas para a categoria de Melhor Atriz do Oscar 2025 as seguintes profissionais:
- Fernanda Torres, por Ainda Estou Aqui;
- Demi Moore, por A Substância;
- Karla Sofía Gascón, por Emilia Pérez;
- Cynthia Erivo, por Wicked;
- Mikey Madison, por Anora;
Uma seleção de peso, que por si só dificulta uma vitória de Fernanda Torres. Porém, a maior rival da atriz brasileira ao prêmio é ninguém menos que Demi Moore. Ela também ganhou um Globo de Ouro por seu trabalho em A Substância, porém na categoria de Melhor Atriz em Filme de Comédia, o que significa que seu talento foi tão reconhecido quanto o da nossa campeã.
O problema é que, de todas as indicadas ao Oscar, Fernanda é a única que não foi indicada, também, para o SAG Awards 2025, o prêmio do Sindicato de Atores americano. Grande parte dos votantes desta categoria do Oscar fazem parte deste sindicato. Ou seja, quem vencer este prêmio, que será entregue em 24 de fevereiro, terá grandes chances de também ser premiado na noite do Oscar, o que dificulta as chances de Fernanda Torres.
Isso não quer dizer, entretanto, que não existem chances para Fernanda Torres de sair vitoriosa. A Academia do Oscar vem surpreendendo nos últimos anos, premiando cada vez mais produções e profissionais estrangeiros, de países que não falam inglês, então não seria absurdo ver a Melhor Atriz de 2025 saindo do Brasil.
Ainda Estou Aqui vai ganhar o Oscar?

Por outro lado, Ainda Estou Aqui está em um posição ainda mais peculiar. O longa perdeu a categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Globo de Ouro para o controverso Emilia Pérez, que está concorrendo mais uma vez pelo Oscar ao lado do projeto brasileiro. Porém, a vitória não foi nem um pouco bem recebida na internet. Não apenas pelo público brasileiro, como também todo o público latino americano.
Emilia Pérez é um filme completamente ofensivo para a comunidade mexicana, construído em cima de tragédias reais sofridas por esse povo e também sobre estereótipos nocivos. Apesar de estar entre os longas mais indicados desta edição do Oscar, o peso da opinião pública pode pesar bastante contra uma vitória desta vez, ainda mais com a premiação se esforçando para reconquistar o prestígio do público que perdeu ao longo dos anos.
Ainda Estou Aqui, por outro lado, é o favorito do povo — não só no Brasil, como no resto do mundo. O filme ainda surpreendeu conquistando indicações a outros prêmios importantes, como o BAFTA, respeitada premiação britânica, consolidando como uma opção viável para o prêmio de Melhor Filme Internacional.
Para a categoria geral de Melhor Filme, a coisa muda de figura. Historicamente, a maioria dos longas vencedores foram liderados por diretores indicados ao DGA Awards, o prêmio da Guilda dos Diretores americanos. Este ano, as indicações ao prêmio contam com Jacques Audiard, de “Emilia Pérez”, Sean Baker, de “Anora”, Edward Berger, de “Conclave”, Brady Corbet, de “O Brutalista” e James Mangold, de “Um Completo Desconhecido”. Uma vitória de qualquer outro concorrente seria surpreendente. Ainda assim, A Substância segue com grandes chances de levar este prêmio.
Enquanto os resultados oficiais não saem, o jeito é torcer bastante para Fernanda Torres superar Demi Moore na opinião dos votantes do Oscar e fazer bastante barulho na internet, para pressionar os gringos a reconhecerem o que o nosso cinema faz de melhor — exportar talentos.