Crítica: Abraço de Mãe leva atmosfera lovecraftiana para o Rio de Janeiro

abraço de mãe
Longa é uma colaboração do Brasil com Argentina

Filme com Marjorie Estiano é mais um destaque do cinema nacional de horror

Enquanto o cinema de horror americano parece preso a velhos hábitos, Brasil e Argentina se juntam em Abraço de Mãe para entregar uma experiência inovadora para o gênero. Misturando uma atmosfera lovecraftiana com eventos reais, o novo filme disponível na Netflix e estrelado por Marjorie Estiano é um deleite para quem procura algo novo nos streamings.

Nele, seguimos Ana, uma bombeira que, assim como toda boa história inspirada no universo de H. P. Lovecraft, vê uma noite de trabalho se transformar em um verdadeiro pesadelo. Enquanto investiga um possível desabamento, a mulher se depara com um asilo de origem duvidosa, olhos brilhantes na escuridão e uma entidade milenar que promete trocar a dor da existência por uma vida mergulhada na escuridão.

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Marjorie Estiano brilha mais uma vez no gênero de horror

Dirigido pelo argentino Cristian Ponce, Abraço de Mãe é mais uma daquelas produções que é preciso assistir para compreender toda a complexidade de sua narrativa. Tendo início em um parque de diversões e culminando em uma das tempestades tropicais mais destrutivas no Rio de Janeiro, o longa vai do 8 a 80, mas sem perder o fio da meada.

E muito disso se deve pela interpretação de Marjorie Estiano. A atriz, que já é versada no universo do horror com filmes como As Boas Maneiras, mostra mais uma vez o seu talento ao ir de uma figura frágil cheia de traumas para alguém disposto a ir ao inferno para impedir o pior. 

Indo do pavor a paranoia, sua personagem precisa enfrentar desde uma religião seguida às cegas até o puro existencialismo. Isto é, aceitar os horrores que a noite apresentou ou lutar por mais um dia.

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Direção de arte é um dos destaques do longa

Mas, apesar de focar tanto na trajetória de sua personagem, Abraço de Mãe não esquece de usar e abusar de efeitos práticos para tornar toda a experiência do longa assustadora. Cenografia e direção de arte nos lembram o porquê do cinema nacional ser algo tão único. Não apenas pela qualidade por trás dos monstros e ferimentos apresentados, mas também por se dedicar em recriar o meio dos anos 90, replicando sua tecnologia, roupas e cabelo.

E por debaixo de tanta preocupação estética, ainda temos uma história sobre maternidade e o medo de sobreviver sem algo que tão simples para alguns: o abraço de uma mãe. Mais do que encher o espectador com jumpscares ou uma ambientação de gelar a espinha, Cristian Ponce utiliza o horror para dar voz a sentimentos tão comuns quanto à solidão, medo e paranoia. 

Ao fim da longa noite repleta de pesadelos e muita chuva, o grande ensinamento de Abraço de Mãe não é como fugir de uma entidade lovecraftiana ou os horrores de um evento climático, mas, aceitar as dores do presente para seguir em frente.

Abraço de Mãe

Junno Sena

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Veredito

Novo filme disponível na Netflix e estrelado por Marjorie Estiano é um deleite para quem procura algo novo nos streamings.

3.5

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