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Conheça Malice! Entenda a história e a polêmica por trás da skin da Mulher Invisível em Marvel Rivals

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Novo visual chega com uma bagagem histórica bem pesada

A primeira temporada de Marvel Rivals estreou com a chegada de dois novos heróis: Senhor Fantástico e Mulher Invisível, o casal principal do Quarteto Fantástico. A dupla não só traz habilidades incríveis, com capacidade de vigorar entre os principais times do game, como ainda apresenta skins surpreendentemente sombrias, que fazem referência a momentos obscuros da história da Marvel, como a vilã Malice, ou Malícia em português. Hora de conhecer a origem dessa personagem.

De onde veio a Malice de Marvel Rivals?

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Criada pelo escritor e artista John Byrne, Malícia estreou nos quadrinhos da Marvel Comics em 1961, na revista Fantastic Four #280. Ela é uma manifestação das emoções reversa de Susan Storm, a Mulher Invisível, trazidas a tona pelo Monge do Ódio, um capanga do vilão Homem Psíquico. Suas marcas poderiam ser sentidas na personagens por muitas edições e renderam uma skin, muitas décadas depois, em Marvel Rivals.

Qual é a história da Malice?

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Completamente possuída pelos poderes do Monge do Ódio, Mulher Invisível assume temporariamente o papel de vilã, sem que ninguém saiba sua verdadeira identidade. A primeira coisa que faz é enfrentar a, então membra do Quarteto Fantástico, Mulher-Hulk, quem derrota facilmente tirando completamente seu oxigênio até que desmaie. Seu próximo alvo foi seu marido, Reed Richards, que foi avisado do ataque por seu filho, Franklin.

Primeiro, Malícia extingue as chamas de seu irmão, Johnny, para que não interfira, depois passa a atacar Reed. O cientista estranha que seus ataques não tem efeito contra a vilã e pede para o Demolidor, que estava ajudando a equipe a conter ataques civis pela cidade, analisar o motivo. Ele confirma que sente as vibrações de um campo de força ao redor de Malícia, o que prova para Reed que aquela é sua esposa.

Entendendo rapidamente que a sua amada foi vítima dos poderes do Monge do Ódio, quem estava investigando até aquele momento, ele chega a conclusão que as emoções de Sue foram invertidas pelo vilão. Todo o amor que ela sentia por sua família foi transformado em ódio, então a solução era fazer com que ela o odiasse para que isso fosse revertido em amor.

Então, o Senhor Fantástico diz coisas horríveis para desestabilizar sua esposa, beirando o abuso verbal e a misoginia. Por mais atroz que seja o seu plano, ele funciona e com um tapa final, ele consegue exorcizar a Malícia para fora de Sue, mesmo que isso tenha deixado marcas de trauma na mulher que não seriam esquecidas por um bom tempo.

O fim da Malícia

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Abalada pelos contínuos abusos que sofreu, Sue decide buscar vingança, mas seus planos são frustrados quando os vilões que lhe atacaram foram derrotados por outras pessoas durante as Guerras Secretas. A Malícia permaneceu adormecida dentro da heroína enquanto partia em outras aventuras, até que despertou determinada a pegar a Joia da Alma para si.

Ela foi impedida pelo próprio artefato cósmico. Mas depois disso, durante a Guerra do Infinito, para impedir a Malícia de dominar seu consciente por completo, Sue Storm decide se fundir com seu lado sombrio, o que funciona em partes.

A partir de então, Sue personifica todos os estereótipos machistas que são impostos a mulheres por escritores homens. Ela se torna uma pessoa irritadiça, que estoura a toa, usando seus poderes de forma mais agressiva, por puro descontrole emocional. E, para fechar, passou a vestir um uniforme mais provocativo, o que na visão dos roteiristas era sinal de uma mulher que não se dá o respeito. Felizmente, não demorou para a Malícia ser banida de vez por uma variante do seu filho, Franklin Richards, e selada em uma variante maligna de seu marido, o Agressor Negro… Um nome irônico, para dizer o mínimo.

Com o Agressor Negro preso na Dimensão Nula, pode presumir-se que ambos foram destruídos definitivamente. A Malícia não retornou nos quadrinhos desde então. Sua última aparição aconteceu há exatos 30 anos, em 1995.

Em Marvel Rivals

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Em Marvel Rivals, a Malícia é um traje premium da Mulher Invisível que pode ser adquirido na loja do jogo pelo valor de 1400 cristais azuis. Ele segue a temática do Passe de Batalha da temporada, inspirado no Darkhold, que apresenta versões vilanescas ou sombrias dos heróis do game. Seu marido, Senhor Fantástico, aparece como o cruel Criador, também disponível na Loja.

Por que a Malícia de Marvel Rivals é polêmica?

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Considerando a temática da temporada, faz sentido que os desenvolvedores de Marvel Rivals tenham pensado na Malícia como o traje sombrio da Mulher Invisível. Contudo, considerando o histórico controverso da vilã, a escolha de reapresentá-la em 2025, após tantos progressos em discussões feministas, não foi bem recebida por uma boa parcela dos fãs.

Afinal, além de toda a forma misógina como a personagem foi escrita de maneira geral, abusando de estereótipos negativos, como previamente apresentado, tudo ao redor da sua apresentação tem um tom de abuso, por vezes justificado nas histórias pelos roteiristas.

Para começar, o Homem Psíquico só conseguiu manipular Sue Storm por abordá-la em um momento de vulnerabilidade, um padrão comum entre abusadores no mundo real. No caso dela, o seu emocional estava abalado por um motivo bastante sério — ela havia acabado de sofrer um aborto espontâneo em sua segunda gravidez.

No capítulo seguinte ao fim do domínio do Monge do Ódio sobre sua mente, Sue Storm compara o trauma que sente com o de mulheres vítimas de violência sexual. Em suas palavras, sua dor é ainda maior, por ter sido como um abuso em um nível psíquico, muito mais íntimo. O que os roteiristas (todos homens) não consideraram é que, na vida real, muitas mulheres são vítimas de abusos mentais graves, como gaslighting, que podem deixar sequelas profundas, como o que aconteceu com Sue. O que foi tratado como algo puramente fictício tem paralelos claros com uma violência doentia da vida real.

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Não fosse o suficiente, a forma que os roteiristas encontraram de combater os abusos mentais que Sue Storm estava sofrendo de um homem foi com um abuso físico e verbal de outro homem, seu marido. Todo o arco envolvendo a Malícia é construído em cima do sofrimento feminino glorificado, com homens brincando de herói e vilão com seu psicológico no fogo cruzado.

Apesar de ser bem ruim, narrativas desse tipo aconteciam com alguma frequência, de forma não muito consciente, em histórias escritas nos anos 1990s. Eram outros tempos, afinal, em que o entendimento sobre os prejuízos de muitas violências patriarcais sobre as mulheres não era o mesmo. Porém, resgatar esse visual em 2025, considerando toda a carga de abuso sexual e usar como um mero traje sensual para conseguir mais dinheiro de jogadores não pegou bem com fãs que conhecem as histórias originais.

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