Autora foi destaque do primeiro dia da Bienal
A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie foi uma das vozes mais aguardadas da Bienal do Livro do Rio, que acontece no Riocentro ao longo da próxima semana. Em coletiva de imprensa, momentos antes do bate-papo com a atriz Taís Araújo, a autora destacou o quanto precisamos de um olhar diferente sobre a diversidade.
Ao ser perguntada pelo Gueto Geek sobre o declínio da atenção do público e marcas sobre pautas raciais e feministas, Chimamanda revelou que, apesar de movimentações positivas, as ações pós Black Lives Matter e a morte de George Floyd , lhe pareceram “pouco sinceros”.
“Obviamente, eu gosto de qualquer coisa que fale sobre negritude ou gênero, mas às vezes, me preocupo que movimentos como o Black Lives Matter não sejam sinceros. E que se pareçam mais com uma performance.”
Exemplificando o assunto, a autora apontou como a postura das empresas tem sido pontuais, ao invés de darem espaço para reais mudanças.
“Uma coisa é uma revista ter uma equipe negra outra é a mesma revista fazer uma única edição focada em uma pauta negra”.
Chimamanda espera que essa não seja a regra

Apesar de apresentar uma visão pessimista sobre o assunto, Chimamanda se mostrou otimista quanto ao futuro. De acordo com a autora, “vimos um crescimento do interesse em pautas negras e isso foi uma anormalidade, mas eu espero que não seja a regra”.
“A resposta [das marcas e empresas] precisa ser mais abrangente. Precisa ser uma inclusão real de pessoas negras.”
Mas o que seria essa solução? Mais tarde, pensando em uma resposta para esse problema que vai para além da diversidade e representatividade, a autora nigeriana apontou as mulheres como uma saída.
“Acho que existem esses homens que deveriam ser líderes, mas na verdade são apenas irresponsáveis com suas ações. Talvez seja o momento das mulheres liderarem o mundo. Não sabemos se elas serão melhores, porque não tiveram a chance. Mas, talvez seja o momento de deixá-las liderar. Forçar a saída dos homens e vermos se assim teremos um pouco mais de paz”, brinca a autora.
A chegada da autora no Brasil não carece contexto. Sua presença na Bienal do Rio marca a publicação de seu oitavo livro, A Contagem dos Sonhos, história que trata sobre relações românticas, familiares e de amizade a partir de olhares distintos. De acordo com a própria autora, esta é uma característica que acredita ser importante para avançarmos no debate racial e de gênero.
A Bienal do Livro acontece entre os dias 13 de junho e 22 de junho no RioCentro. Ingressos podem ser adquiridos no site oficial ou na bilheteria do evento.